Estamos em pleno Advento, período litúrgico estabelecido pela Igreja com o objetivo de preparar as almas, numa atmosfera de arrependimento e penitência, para as alegrias do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Seguindo a tradição de seus ritos, são acesos quatro círios junto ao altar, consecutivamente, um a um, a cada domingo desse tempo.

O Advento simboliza a longa espera de milhares de anos, dos fiéis do Antigo Testamento que aguardavam a vinda do Messias prometido. Daí o ser ele marcado pelas cores da dor e da contrição. E quando, afinal, reluzir a felicidade natalina, para os espíritos piedosos ela se apresentará matizada e castamente temperada pelos sacrifícios de um mês de penitência.

Infelizmente, com o crescimento da laicização nos hábitos e mentalidade da sociedade moderna, o homem foi se tornando cada vez mais materialista e acabou por abraçar um sensacionalismo nada consonante com a serenidade, luz e paz verdadeiras do Natal. As próprias festividades de Ano Novo constituem um desabafo desregrado de uma errônea concepção sobre a alegria, trazendo como conseqüência um amargo epílogo de vazio e abatimento.

Profundo conhecedor dessa situação, Dr. Plinio procurava alertar seus discípulos sobre o necessário equilíbrio a ser mantido na busca da felicidade que nos é dado alcançar neste vale de lágrimas. A singela, porém dinâmica alegria de uma festa nas aldeias tirolesas, por exemplo, ou de um feriado religioso no interior da velha Europa cristã, ou até mesmo a de uma quermesse de bairro popular, ele as sabia observar e degustar como um complemento indispensável da vida social orgânica e cheia de harmonia.

O presente número traz a lume algumas preciosas considerações de Dr. Plinio sobre a justa medida que a temperança comunica à legítima felicidade neste mundo, assim como o quanto a falta dessa virtude transmite a falsa alegria, o desânimo e a depressão (chamada, por alguns científicos, “o mal do século”), no final do seu processo.

Porém, mais que uma bela doutrina, Dr. Plinio nos deu o exemplo de sua existância quotidiana, colocando em prática o divino preceito do Servite Domino in Laetitia — “Servi ao Senhor com alegria” (Sal 99,1).

É dentro do prisma dessas considerações que desejamos aos leitores da revista “Dr. Plinio”, as melhores graças do Sagrado Coração de Jesus, a rogos de Maria Santíssima, propiciadoras de um Santo Natal e um Ano Novo pervadido de esperança, proteção e verdadeira felicidade.