Maria esgotou a capacidade imaginativa de Deus ao ser por Ele criada, a mais bela das criaturas, segundo o grande autor do Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. Uma de suas mais excelentes virtudes foi a da obediência. Desde seu Fiat mihi secundum verbum tuum até seu passamento à eternidade, sua disposição sempre foi a da mais perfeita submissão à vontade de Deus. Tal sujeição reluz de modo todo particular nos traços mais salientes de sua vida: ao aceitar a Gruta de Belém como palácio, a Apresentação, a fuga para o Egito, a Perda e o Encontro, e a Paixão de seu Divino Filho. A essência de suas virtudes se sintetiza na resposta ao Arcanjo São Gabriel: “Eis a escrava do Senhor!”

Assim também são as almas marianas, e é bem entre elas que encontramos Dr. Plinio. Cresceu na veneração ao Papa e à Hierarquia Católica, assim como na autêntica devoção a Maria Santíssima e, sobretudo, ao Santíssimo Sacramento do Altar.

É por esta razão que o chamado de João Paulo II aos fiéis do mundo inteiro, apontando-lhes o dever da santidade, a instituição do Ano do Rosário, suscitando o culto à Mãe de Deus numa clave inspirada em São Luís Grignion de Montfort, e, presentemente, o Ano da Eucaristia, constituem bela moldura para que esta Revista se orne com as manifestações da adoração de Dr. Plinio ao Santíssimo Sacramento, seu profundo amor a Maria e sua fidelidade ao Sucessor de Pedro. Fidelidade, amor, adoração que ele nutria no convívio com a Esposa Mística de Cristo, conforme se comprazia em salientar:

“Pela influência altamente benéfica recebida dos jesuítas, vincou-se muito no meu espírito a noção de que tudo o que eu admirava de bom, de belo e verdadeiro, vinha do fato de eu ser católico, e porque o assimilava na minha comunicação espiritual, sobrenatural e religiosa com a Igreja Católica. Essa idéia devia estar solidamente estabelecida no meu íntimo, sem ficar sujeita a meras divagações. Portanto, a bondade existente em mim tinha por fonte o Sagrado Coração de Jesus, por meio do Imaculado Coração de Maria, e a Igreja era a concha na qual pousavam todos os benefícios d’Eles destinados a mim e aos demais homens. Eu me entregava à Igreja, hauria tudo dela, era a minha Mãe e Mestra, disposta a corrigir meus eventuais desvios, pois eu me via capaz de erros, pelo lapso da inteligência e pela tendência ao mal. Sentia-me, assim, extremamente protegido pela noção da infalibilidade da Igreja.

“Daí uma imensa veneração pelo Papado. Mas imensa! E depois, de maneira correspondente, pelo Episcopado e pelos outros graus da Hierarquia Eclesiástica. Ao lado de tudo isso, vinha também a idéia do poder governativo da Igreja, com suas leis que complementam as sacratíssimas leis de Deus, e nos obrigam, elas mesmas, com uma autoridade divina. Então, a noção do dogma, do preceito, da necessidade da obediência, sobretudo em matéria religiosa, se enraizaram em meu espírito a fundo, a fundo, a fundo.”

É esse sentire cum Ecclesia, mais ainda, diligere cum Ecclesia — amar com a Igreja aquilo que ela ama —, de um modo tão caracteristicamente pliniano, que nos é dado apreciar nos textos de cada número, expressões daquela admiração que marcou, de ponta a ponta, a extraordinária existência de Dr. Plinio: “Nada admirei em minha vida — dizia ele — tanto quanto a Santa Igreja Católica Apostólica Romana!”