São Carlos Borromeu - Catedral de Lisieux, França.

Novembro

1. Solenidade de Todos os Santos.

São Nuno Álvares Pereira. Foi Condestável de Portugal. No fim de sua vida, ingressou como oblato na Ordem Carmelita. (+1431)

2. Comemoração de todos os Fieis Defuntos.

3. São Pedro Francisco Néron, sacerdote da Sociedade das Missões Estrangeiras, de Paris. Após sofrer terríveis tormentos, foi martirizado em Tonquin, Vietnã, no ano de 1860, sob a perseguição do Imperador Tu Duc.

4. São Carlos Borromeu, Cardeal Arcebispo de Milão. (+1584)

5. São Domingos Mau, sacerdote dominicano, mártir em Tonquin, no Vietnã. (+1858)

6. São Paulo, Bispo de Constantinopla e mártir em defesa da Fé contra o arianismo. (+350)

7. XXXII Domingo do Tempo Comum.

8. Santo Adeodato I, Papa. (+618).

9. Santo André Avelino, sacerdote teatino. Nasceu em Nápoles e foi levado por São Carlos Borromeu a Milão, onde sua pregação converteu inúmeros pecadores. Morreu ao fazer o Sinal da Cruz no início da Santa Missa que ia celebrar. (+1608)

10. São Leão Magno, Papa. (+461).

11. São Martinho de Tours, bispo. (+397)

12. Santo Esíquio, Bispo de Vienne, França. (+552).

13. Santo Eugênio de Toledo, bispo. Foi incansável na luta pela perfeita observância da sagrada liturgia. (+657)

14. XXXIII Domingo do Tempo Comum.

15. Santo Alberto Magno, bispo e Doutor da Igreja. Teve a glória de ser mestre de São Tomás de Aquino, na Universidade de Paris. Foi Bispo de Colônia (Alemanha).

16. Santa Inês de Assis. Adotou, junto a sua irmã, Santa Clara, a vida religiosa sob a direção de São Francisco. (+1253)

17. Santa Hilda, Abadessa de Whitby, Northumbria (atual Reino Unido). (+680)

18. Santo Odon, Abade da célebre abadia de Cluny, França. Com seus sucessores, Santo Odilon, São Mayeul e Santo Hugo, fez dessa abadia o centro de irradiação da sabedoria beneditina. (+942)

19. Santa Mechtilde de Hackelborn. Era irmã de Santa Gertrudes de Hackelborn. Desde jovem teve notáveis experiências místicas, no centro das quais está o Sagrado Coração de Jesus. (+1298)

20. São Gregório Decapolita. Após levar vida monacal e anacoreta, lutou contra a heresia iconoclasta em Constantinopla. (séc. IX)

21. Solenidade de Cristo Rei.

22. Santa Cecília, virgem e mártir. Padroeira dos músicos.

23. Santa Cecília Yu So-Sa, mártir na Coréia. Por ódio à Fé, confiscaram-lhe os bens e a encarceraram. Foi açoitada aos 80 anos e morreu no cárcere. (+1839)

24. Santo Alberto de Lovaina. Bispo da cidade de Liège, Bélgica, foi martirizado em Reims. (+1192)

25. São Garcia, Abade do mosteiro de Arlanza, Burgos (Espanha). (+1073)

26. São Silvestre Gozzolini. Além de abade e anacoreta, fundou no deserto, perto do monte Fano, Itália, a Congregação dos Silvestrinos. (+1267)

27. São Valeriano, Bispo de Aquiléia, na região de Veneza. Defendeu a Fé católica contra os arianos.

28. I Domingo do Advento

29. São Saturnino, Bispo de Toulouse. Foi martirizado durante a perseguição de Décio. (+c. 250)

30. Santo André, Apóstolo. Era irmão de São Pedro. Foi crucificado em Patras, na Grécia.

A Pseudo-Reforma Protestante foi um dos grandes lances da Revolução. Porém, em contrapartida, Deus suscitou almas que muito contribuíram para explicitar e definir as verdades negadas pelo Protestantismo. Uma delas foi São Carlos Borromeu, grande figura da Contra-Reforma.

Sobre São Carlos Borromeu há os seguintes dados. Apesar de curtos, creio serem muito elucidativos:

Feito cardeal aos 23 anos, São Carlos Borromeu foi suscitado por Deus para a verdadeira reforma da Igreja.

Presidiu sínodos e concílios, estabeleceu colégios e comunidades, renovou o espírito de seu clero e das ordens religiosas.

Não basta redigir obras refutando isso ou aquilo. A pessoa precisa ser a personificação, o próprio símbolo, o tipo humano, das obras que escreveu.

R. Castelo
Acima, São Carlos Borromeu pregando para os fiéis. Ao lado, relíquia do coração de São Carlos Borromeu – Roma.

À sua prudência deve-se, em grande parte, a feliz conclusão do Concílio Tridentino.

Modelo de Bispo da Contra-Reforma

São Carlos Borromeu tornou-se uma grande figura da Contra-Reforma, a qual nos interessa especialmente. Se a Pseudo-Reforma foi um dos grandes lances da Revolução, a Contra-Reforma foi, evidentemente, um dos grandes lances da Contra-Revolução.

As grandes figuras da Contra-Reforma auxiliaram muito a definir, na Igreja, todas as verdades que o protestantismo negava. Representam um grande exemplo para nós, tendo sido o contrário de certos teólogos vazios, que não têm os olhos postos nos problemas do tempo, mas escarafuncham, por curiosidade, questões dentro dos jardins da Teologia. Os personagens da Contra-Reforma tinham sua atenção posta no mal como se apresentava naquele tempo, e tomaram posição contra esse mal; por essa forma fizeram progredir muito a doutrina católica.

Uma categoria de pensamento do contrarrevolucionário é exatamente não estar fazendo estudos no ar, os quais não têm relação com o aspecto que a Revolução apresenta no momento; mas realizar estudos a serviço da Igreja, para salvar as almas, refutar ideias falsas e, mais ainda, em que o suco do pensamento é acrescido pela análise acurada do erro.

É próprio do sentido cultural de nosso Movimento conhecer a verdade por duas formas.

Primeira: deduzindo as verdades ainda não sabidas daquelas que já são conhecidas. Segunda: analisar o erro e, ao refutá-lo, conhecer melhor e mais profundamente a verdade estudando a negação dela. Não aproveitando os fragmentos de verdade existentes no erro, mas, por exclusão, entendendo a verdade que se deve sustentar. Por essa razão, os doutores da Contra-Reforma nos são muito caros.

São Carlos Borromeu foi, não apenas um grande bispo contrarreformista, mas, em algum sentido, o Bispo da Contra-Reforma. Não só porque ele era um homem muito preparado, de grande cultura e que era irradiada por ele a toda a Igreja em seu tempo, mas por ter realizado o modelo perfeito do bispo. Muitos dos bispos bons, que viveram desde a Contra-Reforma até nossos dias, tinham o ideal de serem bispos como o foi São Carlos Borromeu.

Eficácia do tipo humano

Não basta redigir obras refutando isso ou aquilo. A pessoa precisa ser a personificação, o próprio símbolo, o tipo humano, das obras que escreveu. O trabalho que ele realizou, sendo o Bispo da Contra-Reforma e o modelo de bispo, foi de uma eficácia para a Igreja certamente maior do que a dos próprios escritos dele. Não quero dizer que sempre o exemplo vale mais do que o escrito –– seria exagerado. Mas, nesse caso concreto, ele valeu mais pelo exemplo do que pelos seus escritos.

S. Hollmann

Para não me alongar demasiado, conto um fato da vida desse santo:

Naquele tempo, julgava-se — como também nós julgamos — que um cardeal deve revestir-se de pompa, de grandeza, de solenidade, para fazer brilhar a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo diante dos homens. São Carlos Borromeu pertencia a uma grande família italiana; além de Príncipe da Igreja ele era, até certo ponto, senhor temporal de Milão e, durante certo tempo, foi Cardeal Secretário de Estado. Por todas essas razões devia cercar-se de grandeza, e de fato ele assim o fez.

Certa vez, ele andava numa esplêndida carruagem, com acolchoados, e toda a pompa, pelas ruas de Milão — ou numa estrada, não me lembro exatamente — quando passa perto dele um frade simples, pobre, montado a cavalo. Cumprimentos de parte a parte, e o frade lhe diz: “Eminência, como é agradável ser cardeal! Viaja-se de modo mais cômodo do que um simples frade!” O Cardeal Borromeu voltou-se muito gentilmente para o frade e convidou-o então a viajar com ele. O frade entrou na carruagem, sentou-se e começou a dar gritos devido aos cilícios existentes por debaixo do banco. O cardeal viajava sobre cilícios, sofrendo com as sacudidelas próprias de uma estrada ou rua daquele tempo, embora metido nas sedas, nos cristais e púrpuras de uma carruagem provavelmente toda dourada e ainda com plumas e lacaios.

A santa prudência

Quanto à “prudência” de São Carlos, não significa que ele tenha sido um homem cauteloso, que evitou qualquer risco. Esse é o sentido comum da palavra prudência. A prudência é a virtude cardeal que nos faz conhecer e aplicar bem os métodos necessários para os fins que temos em vista.

Por exemplo, um membro prudentíssimo de uma empresa de contabilidade é aquele que emprega as boas regras para tocar para a frente a escrituração. Nós agimos com prudência em relação à legislação trabalhista, não só pagando o necessário para evitar problemas, mas também tomando as necessárias providências para receber aquilo a que temos direito. Quer dizer, a prudência é o acerto no agir. Então, o texto da ficha elogia São Carlos Borromeu porque teve esse acerto. Para a conclusão do Concílio de Trento ele empregou, com grande sabedoria e prudência, os métodos adequados.

Na Ladainha Lauretana se invoca Nossa Senhora como “Virgo Prudentíssima”, a Virgem que com muito acerto fez as coisas para chegar ao fim que a superexcelsa vocação d’Ela pedia ou indicava.

(Extraído de conferências de 30/10/1963 e 4/11/1968)