Dr. Plinio desembarca no aeroporto de Barajas (Espanha) em 17 de abril de 1950

Abril de 1950.

Interesses da causa católica obrigaram Dr. Plinio a marcar uma viagem à Europa poucos dias antes do aniversário de Dona Lucilia. O intenso e elevado afeto — todo ele fundado em razões sobrenaturais — devotado por Dr. Plinio à sua mãe levou-o a arquitetar uma pia fraus1 para diminuir, tanto quanto possível, a dor e a preocupação causadas por sua ausência.

Combinou com seu pai, Dr. João Paulo, sua irmã, Dona Rosée, e com parentes mais próximos de dizer a Dona Lucilia que ele iria ao Rio de Janeiro. De fato, dali partiam os aviões para a Europa.

Quando desembarcasse na Espanha — primeira etapa da viagem — enviaria a Dona Zili, sua tia, um telegrama confirmando a chegada. Esta poderia então visitar Dona Lucilia para lhe revelar toda a verdade. Ao mesmo tempo, Dr. João Paulo entregar-lhe-ia, acompanhada de uma cesta de flores, a primeira de duas cartas que Dr. Plinio já deixaria redigidas.

Horas mais tarde, a campainha do apartamento soaria. Outro arranjo floral encomendado por Dr. Plinio representaria nova manifestação de filial carinho.

Em 22 de abril, dia do aniversário de Dona Lucilia, a segunda carta de felicitações, em poder de Dr. João Paulo, ser-lhe-ia entregue, juntamente com um bouquet de flores. Pequenas atenções, transbordantes de afeto, que a consolariam um pouco pela ausência do “filhão”.

Depois de executado meticulosamente o carinhoso plano, Dona Lucilia manifestou a Dr. Plinio sua gratidão e benquerença em duas comovedoras cartas:

Filho querido de meu coração!

Acabo de receber tua carta e telegramma. Louvado seja Deus, chegaste são e salvo.

Dr. Plinio em visita a Portugal em 1950

Não era em vão que eu dizia a teu pai, “meu coração procura o de Plinio e não o acha no Rio, e sim pelos ares”! Emfim, alegro-me de tudo o que Deus e a Virgem Santissima fazem por ti, que és o melhor dos filhos, e que abençôo de todo o meu coração, de todas as forças de minh’alma.

Muitos abraços, beijos e saudades, de tua velha “manguinha”.

* * *

Plinio querido!

Com tanta cousa para escrever-te, e que me sahia aos borbotões, ia me escapando de dizer-te, o que me afligeria muito, o quanto apreciei a delicadeza de tua mentira generosa, que não enguli totalmente, pois, desconfiada e aflicta, repetia sempre, — qual, vocês não me enganam, meu filho está já em viagem,… meu coração não encontra o seu no Rio, e sim voando, nos ares! — Teu pai, e todos enfim, procuravam iludir-me a ponto de socegar-me e pôr-me de novo a esperar-te, mas só por umas horas. — Como tudo o que fazes, foi muito bom assim, e tudo bem feito, e reconhecida agradeço-te.

Vê se tens bem cuidado com tua saúde. Nada de imprudencias, e, recomendação para todos. (…)

Mais muitos beijos, bençans e abraços de tua mãe extremósa.

Lucilia

Quando vão a Fatima? Reze por nós, especialmente por tua afilhada e sobrinha.

(Extraído da obra “Dona Lucilia”2)

1) Fraude piedosa, isto é, feita com boa intenção.

2) Cf. CLÁ DIAS, João S. Dona Lucilia. São Paulo: Artpress, 1995. Vol. II, p. 224-227.

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