Vinte anos! E a impressão é de a Revista Dr. Plinio ter começado ontem…

Tal a riqueza, a profundidade e a originalidade do ensinamento deixado por Dr. Plinio que a cada número nos deparamos com o embaraço da escolha da matéria. Com efeito, a toda pessoa muito virtuosa se pode aplicar, mutatis mutandis, o que os santos dizem da Mãe de Deus: de Maria nunquam satis! Quanto mais se conhece, mais se deseja conhecer.

Sobretudo em se tratando de um Fundador, a dimensão de sua pessoa, de suas ideias, de sua atuação alcança outro patamar. E Dr. Plinio foi um autêntico Fundador e inspirador de uma grande família de almas que deu origem a diversas associações religiosas, civis e correntes de opinião pelo mundo afora. Até hoje, passados mais de 22 anos de sua entrada na eternidade, seu nome é uma verdadeira bandeira, um divisor de águas, porque “o fundador encontra-se na situação de ter que ir contra a corrente e ser sinal de contradição”, explica o Pe. Fabio Ciardi . E continua: “Denuncia frequentemente com a palavra uma determinada situação eclesial, como ocorre com o profeta do Antigo Testamento; mais ainda, é ele mesmo, feito palavra viva, que se converte em denúncia com sua própria vida e ação, atraindo o ódio e a perseguição dos que se sentem ameaçados no seu cômodo viver”.

Muito combatido e também elogiado em vida, com o correr dos anos, a figura de Dr. Plinio vai se tornando mais compreendida por uma parcela crescente da opinião pública, inclusive porque muitas de suas previsões e análises, inverossímeis para muitos na ocasião de sua formulação, vão sendo confirmadas pelos fatos. Nesse sentido, comenta um autor: “os fundadores escapam a qualquer explicação unicamente historicista, sociológica e psicológica. Ao aproximarmo-nos deles deparamo-nos com algo que não entendemos; e, inclusive, quando imaginamos conhecê-los bem, cada vez que refletimos sobre eles, descobrimos algo novo. Como explicar este mistério, esta riqueza inesgotável? Simplesmente pelo fato de que, ao encontrarmo-nos com um Fundador, nos achamos diante do mistério de Deus: no Fundador e através dele, é o próprio Deus que atua”.

E no caso de Dr. Plinio, tendo em vista a sua vocação de fazer face à Revolução – movimento multissecular, que abrange todo o agir humano para levar a sociedade civil e a Santa Igreja a uma situação oposta à desejada por Deus –, o seu olhar abarcava a bem dizer todos os horizontes possíveis, conforme ele mesmo definiu como sendo a sua luz primordial: “Uma visão arquitetônica e harmônica, monárquica e aristocrática, de todo o universo material e espiritual criados, desde um grão de areia até o mais alto Anjo, ressaltados os pontos que a Revolução procura combater”.

Sabemos bem que a simples leitura das obras de Dr. Plinio não é suficiente para conhecê-lo em toda a sua estatura. Na realidade, “os Fundadores não escrevem primeiro um tratado teórico, ao qual, depois, acomodam seu apostolado, mas descrevem sua própria existência pessoal para que sirva de modelo de identificação para seus discípulos”. Desse modo, em suas diversas seções, procurou a Revista Dr. Plinio nesses 20 anos apresentar o quanto possível um quadro completo da vida, da mente e da obra desse autêntico profeta de nossos dias.

Contudo, estamos cientes de que os Fundadores podem ser analisados e examinados sob muitos aspectos, mas só há uma maneira de compreender a fundo a sua pessoa: amando-a!

Foi, com efeito, o amor à Santa Igreja a característica da longa e heroica existência de Dr. Plinio, a ponto de ele se emocionar ao ouvir a referência à sua catolicidade. Conforme seu desejo, sobre os seus restos mortais figura o significativo epitáfio: Vir catholicus, et apostolicus, plene romanus – Varão católico, apostólico, plenamente romano. Está tudo dito!

Como se costuma afirmar, todo grande homem se forma no colo de sua mãe, tal a influência que ela costuma ter sobre o filho. Assim, cabe uma merecida homenagem à Senhora Dona Lucilia, pois esta efeméride da revista dedicada a seu “filhão” coincide com o 50º aniversário da passagem dela desta vida, ocorrida a 21 de abril de 1968. O exemplo de virtudes deixado por esta dama paulista motivou a que numerosas pessoas, desde então, venham recorrendo à intercessão dela, sendo invariavelmente atendidas de maneira inequívoca. Se, por um lado, a misericórdia sem limites caracterizou toda a vida de Da. Lucilia, no entanto, a maior obra dessa mãe inigualável foi o ter dado a Dr. Plinio um paradigma da bondade insuperável de Nossa Senhora e de ter criado um ambiente familiar propício à preservação da inocência do pequeno Plinio, a quem ensinou que o importante nesta Terra não é procurar riquezas, prestígio ou prazeres, pois, sobretudo, “viver é estar juntos, olhar-se e querer-se bem…”

Junto ao corpo já sem vida de Da. Lucilia, Dr. Plinio aos prantos exclamava: “Mamãe me ensinou a amar a Santa Igreja!” É possível um elogio maior de um filho à sua mãe?

Tenha acesso a todo o acervo dos 20 anos da Revista Dr. Plinio no site:

www.pliniocorreadeoliveira.org.br