A embaixada do Anjo à Nossa Senhora e o “fiat” d’Ela — do qual decorreram, por vontade divina, a Encarnação do Verbo e a salvação do gênero humano — têm sido objeto de especial contemplação dos santos, dos pregadores, dos exegetas, dos artistas.
Dr. Plinio se comprazia em considerar a solenidade da Anunciação — comemorada em 25 de março — como a festa própria daqueles que se consagram como escravos de amor a Jesus Cristo, pelas mãos de Maria, segundo o método exposto por São Luís Maria Grignion de Montfort no seu Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem.
Recentemente, no 160º aniversário do encontro do mencionado livro, o Papa João Paulo II dirigiu uma carta às famílias religiosas fundadas pelo santo, enaltecendo a doutrina montfortiana, tão cara a ele, Papa, consagrado a Maria conforme àquele método. Diz o Sumo Pontífice:
“São Luís Maria propõe com singular eficiência a contemplação amorosa do mistério da Encarnação. A verdadeira devoção mariana é cristocêntrica. Com efeito, como recordou o Concílio Vaticano II, “a Igreja, meditando piedosamente na Virgem, e contemplando-a à luz do Verbo feito homem, penetra mais profundamente, cheia de respeito, no insondável mistério da Encarnação” (Const. Lumen gentium, 65).
E mais adiante: “São Luís Maria contempla todos os mistérios da Encarnação que se realizou no momento da Anunciação. Assim, no Tratado sobre a verdadeira devoção, Maria é apresentada como “o verdadeiro paraíso terrestre do Novo Adão”, a “terra virgem e imaculada” pela qual Ele foi plasmado (n. 261). Ela é também a Nova Eva, associada ao Novo Adão na obediência que repara a desobediência original do homem e da mulher (cf. ibid., 53; Santo Ireneu Adversus haereses, III 21, 10-22, 4). Por meio desta obediência, o Filho de Deus entra no mundo. (…)
“Toda a nossa perfeição, escreve São Luís Maria Grignion de Montfort, consiste em ser conformes, unidos e consagrados a Jesus
Cristo. Por isso, a mais perfeita de todas as devoções é incontestavelmente a que nos conforma, une e consagra mais perfeitamente a Jesus Cristo. Mas, sendo Maria a criatura mais conforme a Jesus Cristo, tem-se como
resultado que, entre todas as devoções, a que consagra e conforma mais uma alma a Nosso Senhor é a devoção a Maria, sua Mãe santa, e que quanto mais uma alma estiver consagrada a Maria, tanto mais estará consagrada a Jesus Cristo” (120). (João Paulo II, Carta às famílias montfortianas, 8-12-03)
Tendo em vista esse meio sublime e inapreciável de nos unirmos a Jesus, Dr. Plinio recomendava a seus discípulos que se consagrassem como escravos de amor a Nossa Senhora, como ele próprio o fizera na sua juventude. Nas mãos virginais de Maria Santíssima, depositou todas a suas “boas obras passadas, presentes e futuras”, assim como as suas ações e orações diárias, a fim de que Ela mesma as apresentasse ao seu Divino Filho, como “frutos de agradável odor”.
E comentando esse maravilhoso ato de amor à Mãe de Deus, Dr. Plinio fazia questão de salientar: “A forma de devoção mariana proposta por São Luís Grignion de Montfort é eminentemente grave e elevada. Ninguém deve praticá-la sem uma prévia meditação de todas as conseqüências sérias que ela acarreta. E essa devoção só é admirável ao extremo por ser também séria ao extremo. Aquilo que não é muito sério, não é admirável.”