O título acima encabeça uma resenha assinada por Steve Pinker, professor de psicologia no prestigioso Massachusetts Institute of Techonology, e reproduzida pelo Mais!, suplemento literário da Folha de S. Paulo, de 11 de novembro último. Comenta um livro há pouco publicado sobre as incontáveis mazelas do século recém-findo e os dilemas morais que acarretou.

Até poucos anos atrás, o século XX era tratado nos círculos sociais, intelectuais e jornalísticos mais bem-pensantes como um ídolo intocável, um ente benfeitor da humanidade que a conduzia para uma era paradisíaca, na qual seria abolido o sofrimento e poder-se-ia viver numa perpétua diversão. Ai de quem desafiasse o ídolo!

Mas Dr. Plinio o enfrentou. Desde os bancos do Colégio São Luís, ele rompeu esse concerto de louvores ao século XX, mostrando que se tratava de uma época monstruosa, torta, equivalente a um homem do qual um dos braços crescesse tanto que ficasse hipertrofiado — o progresso científico e material —, e o outro regredisse, atrofiando-se — a decadência espiritual. Século o qual, ao mesmo tempo em que nos ofereceu vôos intercontinentais, cirurgias a raio laser e comunicações via Internet, estimulou o abandono da religião de Nosso Senhor Jesus Cristo, o desaparecimento do respeito à dignidade humana e o rompimento de todos os freios morais.

“Deus, embora não prive jamais [as almas] da graça suficiente, espera não raramente que essas almas cheguem ao mais fundo da miséria, para lhes fazer ver de uma só vez, como num fulgurante ‘flash’, a enormidade de seus erros e de seus pecados. Foi quando desceu a ponto de querer se alimentar das bolotas dos porcos que o filho pródigo caiu em si e voltou à casa paterna (cfr. Lc. 15, 16-19)”, afirma Dr. Plinio em “Revolução e Contra-Revolução”, livro que escreveu em 1959, em pleno período de deslumbramento pelas conquistas científicas.

O século XXI abre-se, felizmente, numa outra perspectiva: em meio a alguns retardatários, admiradores de um progresso sem Deus, cresce o número de “filhos pródigos”, parecendo haver chegado o momento de uma imensa volta à casa paterna. É hora, portanto, de todos os católicos pormos mãos à obra, oferecendo aos que retornam o pão da boa palavra e, sobretudo, do fervor e do bom exemplo. Precisamos atender com entusiasmo a convocação de João Paulo II para a nova evangelização, e seguir os passos do Vigário de Cristo nessa cruzada incruenta, a fim de conquistar para Jesus os corações. Dessa semente agora plantada por todos nós deverá crescer uma árvore frondosa, que ultrapasse o século entrante e dê bons frutos pelo 3º milênio afora.

E qual o caminho mais curto, eficaz e suave para alcançarmos essa meta? O Papa também nos responde: Maria, especialmente se for cultuada e amada segundo o método de São Luís Maria Grignon de Montfort (cfr. Osservatore Romano, 21/10/2000).

Caso Dr. Plinio estivesse aqui, concordaria com entusiasmo. Afinal, quando moço de 21 anos, ele viu numa livraria o então pouco conhecido “Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem”, escrito por aquele santo, e adquiriu um exemplar.

“Chegando em casa”, contou ele, “abri o embrulhozinho, sentei-me e comecei a ler. Percebi logo que tinha encontrado um dos livros de minha vida. Provavelmente, o livro de minha vida! Eu o li atentamente, resumi, redigi uma ladainha com as invocações de Nossa Senhora que ele trazia. E me consagrei como escravo d’Ela. Foi um acontecimento fundamental na minha existência, um acontecimento ao qual eu quero como algo que está no centro do meu coração”.