A Via Apia, em Roma, e a cúpula da Basílica do Vaticano

Passado ou presente? Para on­de deve olhar o pensador ca­tó­lico? Eis uma questão de toda atuali­dade à qual Dr. Plinio já respondia em 1934.

Tem sido objeto de freqüentes cogitações dos pensadores católicos a posição que devem assumir no estudo comparativo do passado e do presente.

Entendem uns que a Igreja deve orientar o pensamento humano no sentido de uma volta enérgica ao que já foi. Acham outros que ela deve empunhar com firmeza o bas­tão de comando dos acontecimentos presentes, repudiando definitivamente um passado que, se lhe ornou com muitas jóias o diadema de glórias, cravou-lhe também muitos espi­nhos agudos na fronte veneranda. Entre estas duas opi­niões extremas está o pensamento dos que querem evitar ao mes­mo tempo uma ruptura criminosa com o passado e um re­pú­dio desdenhoso do presente. Antes de tudo, é necessário ser sincero, ser objetivo, ser verdadeiro.

Uma das imagens de Pontífice, sobre a colunata de Bernini, na Praça de São Pedro

A Igreja, que sobrevive a todas as idades e a todas as paixões, não tem interesse em se ligar indissoluvelmente ao passado, ao presente, ou ao futuro. Mas, estudando o passado, auscultando o presente, preparando o futuro, ela tem o sincero empenho de retirar, da lição dos fatos, as normas de sabedoria que devem orientar os católicos na aplicação de seus princípios.

Se, portanto, o historiador ou o sociólogo católico exalta os benefícios do passado, ou estigmatiza os vícios do presente, ele não deve por [isto] permitir que sua atitude seja interpretada como reflexo do suposto “saudosismo” incorrigível da Igreja. É preciso tomar sempre as cautelas devidas para que a ninguém pareça que, instituição oriunda de um passado remoto, só neste passado e nas suas condições mesológicas peculiares pode a Igreja viver. Quanto mais a Igreja verbera a decadência moral do século, tanto mais ela afirma, implicitamente, a integral atualidade de sua ação. É exatamente quando se aponta o mal, que mais do que nunca se afirma a oportunidade do remédio. (…)

Não contestamos a utilidade das soluções políticas. De que valem elas, porém, se não tiverem em seu apoio a for­ça moralizadora do Catolicismo? (…)

Quando, finalmente, tomarão os povos o caminho de Roma, onde os aguarda a Cátedra Apostólica, que só ela nos mostra a via , nos ensina a veritas e nos dá a vita ?

(Transcrito do “Legionário”, nº 149, de 8-7-1934)