O século XX, que agoniza lânguido e sem glória, foi marcado de um extremo ao outro pela luminosa trajetória de um homem que amou tão ardorosamente a Santa Igreja, que não desejou se colocasse em seu túmulo outra inscrição senão esta: “Plinio Corrêa de Oliveira, vir totus catholicus et apostolicus, plene romanus — varão todo católico e apostólico, plenamente romano”.

Estas palavras iniciais da apresentação do primeiro número de “Dr. Plinio” não poderiam ser mais adequadamente recordadas do que agora, ao vir a lume sua centésima edição. Com efeito, ao longo dos milhares de páginas até aqui publicadas, foi-nos dado conhecer e admirar variados aspectos da rica alma de Dr. Plinio, sua vida, seus ensinamentos e explicitações, sua grandiosa obra apostólica e, acima de tudo, os inabaláveis pilares de sua espiritualidade: uma ardorosa devoção ao Sagrado Coração de Jesus e à Santíssima Virgem, vinculada a um filial, irrestrito e entranhado amor à Santa Igreja e ao Sucessor de Pedro.

Católico apostólico romano. Vocábulos que falavam tão a fundo à alma de Dr. Plinio, que não os podia ouvir, dirigidos a ele, sem sentir todo o seu ser vibrando de emoção. Mais de uma vez, aqueles que tiveram a inestimável ventura de conviver com esse exemplar filho da Igreja, viram-no reter o fôlego e embargar a voz, ao discorrer sobre as maravilhas, as adversidades e as glórias da Esposa Mística de Cristo.

Para Dr. Plinio, era a Santa Igreja o sol de sua existência, a razão de sua vida; os interesses dela, eram os seus; as lutas, alegrias, as dores e os triunfos da Igreja, eram seu próprio triunfo, suas dores, suas lutas e alegrias. Por isso escreveu:

“Todos nós temos a graça de pertencer à Igreja, de sermos pedras vivas da Igreja! Como devemos agradecer este favor! Não nos esqueçamos, porém, de que noblesse oblige. Pertencer à Igreja é coisa muito alta e muito árdua. Devemos pensar como a Igreja pensa, sentir como a Igreja sente, agir como a Igreja quer que procedamos em todas as circunstâncias de nossa vida. Isto supõe um senso católico real, uma pureza de costumes autêntica e completa, uma piedade profunda e sincera. Em outros termos, supõe o sacrifício de uma existência inteira.

“E qual é o prêmio? Christianus alter Christus. Eu serei de modo exímio uma reprodução do próprio Cristo. A semelhança de Cristo se imprimirá, viva e sagrada, em minha própria alma.”

Assim, à luz de tão fervorosos sentimentos, cremos não haver melhor meio de assinalar esta centésima edição do que recordarmos e admirarmos, uma vez mais, algumas cintilações da extrema catolicidade de Plinio Corrêa de Oliveira.

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Ao nos ser permitido transpor o presente marco editorial, tributamos nossa profunda gratidão à Santíssima Virgem, que junto a seu Divino Filho nos alcança graças especiais e nos infunde as necessárias disposições de espírito com as quais se leva a bom termo qualquer esforço por Ela empreendido; e ao próprio Dr. Plinio, que — acreditamos — não deixa de inspirar e favorecer estas páginas, filial e enlevadamente a ele dedicadas.