Dr. Plinio discursa no Colégio Arquidiocesano, na década de 50

Há 70 anos Dr. Plinio pronunciava um memorável discurso para os diplomandos do Colégio Arquidiocesano de São Paulo. Com o característico vigor de sua eloqüência, dirigiu aos jovens que o ouviam “uma palavra franca até à rudeza, mas sinceramente amiga”, sem as promessas e gentilezas convencionais que se costumavam dizer em semelhantes circunstâncias. Antes, apresentou-lhes o duro caminho a se abrir diante deles, pontilhado de feitos valorosos e triunfos, é verdade, mas também de sofrimento e de batalhas, sobretudo aquelas pela virtude e a santidade. E concluía:

“Compreendeis, agora, qual a mensagem que vos trago. Antes de tudo, nossa luta é interior. Se queremos que Cristo reine no mundo contemporâneo, devemos começar por querer que Ele reine em nós. É inadmissível que queiramos (nosso país) governado pela lei de Cristo, mas que esta Lei não reine invariavelmente em nossa inteligência, em nossa vontade e em nosso coração. Nossa maior luta, nosso primeiro combate é todo interior. Combatemos dentro de nós mesmos o mundo moderno, que nos quer arrastar para uma vida que nossos princípios condenam. Em um mundo impuro esforçamo-nos por sermos puros. Em um mundo entregue aos prazeres, vivemos de trabalho e de austeridade. Em um mundo sedento de dinheiro, vivemos de renúncia e de abnegação. Em um mundo apaixonado pela desordem e pela indisciplina, vivemos na disciplina por amor à Ordem.(…)

Em lugar de vos dirigir simplesmente um voto de felicidade, quero fazer-vos aqui uma promessa solene. Sede (fervorosos católicos), e a felicidade descerá sobre vós como uma aurora magnífica. No seio de todas as lutas, de todas as tribulações, de todas as dificuldades que a vida nos possa apresentar.

“Colocai Cristo no centro da vossa vida. Fazei convergir para Ele todos os vossos ideais. (…) Não tenhais medo da luta que se abre diante de vós. É dos que lutam como vós, a felicidade. E é esta a felicidade que eu vos prometo. Há vinte séculos já foi ela prometida ao mundo, do alto de uma montanha da Palestina:

“Felizes os que têm o espírito desapegado das riquezas desse mundo, porque deles é o reino dos céus; felizes os mansos, porque eles possuirão a terra; felizes os que choram, porque eles serão consolados; felizes os que têm fome e sede de virtude, porque eles serão fartos; felizes os misericordiosos, porque eles alcançarão a misericórdia; felizes os puros, porque eles verão a Deus; felizes os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus; felizes os que padecem perseguição por amor da virtude, porque deles é o reino dos céus; felizes sereis quando vos amaldiçoarem e perseguirem, e mentindo disserem todo o mal contra vós, por ódio ao Cristo. Enchei-vos de alegria e exultai, porque o vosso galardão é muito grande nos céus.

“Meus jovens amigos: é esta a felicidade que vos desejo. Felicidade profunda, felicidade completa, felicidade solidamente alicerçada na maior fonte de ventura que o homem possa ter e que é a paz de um coração que vive na lei de Deus.

“Com Cristo, meus jovens amigos, sede felizes!”

(Excertos de “Echos”, 22/11/1936)