Exemplares de “Revolução e Contra-Revolução”, em diversos idiomas

Há cinquenta anos, em abril de 1959, Dr. Plinio publicava Revolução e Contra-Revolução, sua obra mestra na qual condensa a doutrina desenvolvida por ele ao longo da vida. Nesse livro encontramos a essência de suas reflexões a respeito dos males que se abatem sobre a Civilização Cristã e o homem ocidental, desde a Renascença até nossos dias, bem como os meios e métodos de remediá-los.

Logo após sua publicação, esse magistral ensaio recebeu o apoio do Decano do Colégio Cardinalício, Car­deal Eugène Tisserant, que afirmou tratar-se de uma obra “da mais alta importância para a época em que vivemos”. Também escreveu ao autor, com agradecimento e elogios, o  então Núncio Apostólico no Peru e posteriormente Cardeal, Romolo Carboni, para quem o livro merecia aplausos “tanto pela exatidão e acerto com o qual analisa o processo da Revolução, como pelo vigor com que assinala a sua tática e os métodos para superá-la”.

Mais recentemente, em 1993, o grande canonista Pe. Anastásio Gutiérrez, professor na Pontifícia Universidade Lateranense, de Roma, e cooperador na elaboração do atual Código de Direito Canônico, assim se referiu a Revolução e Contra-Revolução: “Essa é uma obra profética no melhor sentido do termo. (…) Impressiona fortemente o espírito com que está escrita: um espírito profundamente cristão e amante apaixonado da Igreja. A obra é um produto autêntico da sapientia christiana”.

Com vinte e uma edições (entre livros, jornais e revistas publicados no Brasil e no exterior) e cerca de noventa mil exemplares difundidos, Revolução e Contra-Revolução tornou-se o livro de cabeceira de quantos se congregaram em torno dos ideais católicos defendidos por Dr. Plinio. Este, numa memorável série de reuniões dedicadas a explicar e desenvolver os pontos centrais de sua obra magna, afirmava:

“Já na introdução de meu livro eu denuncio o inimigo terrível da Cristandade, chamando-o pelo nome de Revolução, e formulo a primeira e capital tese do ensaio: para trincar o processo revolucionário, é de suprema importância que se difunda a idéia da sua totalidade e unicidade.

“Trata-se de um pressuposto fundamental do nosso apostolado o simples fato de tornarmos palpável esse inimigo, de obrigarmos essa névoa a tomar a morfologia de um fantasma e, em seguida, obrigar esse fantasma a formar-se em algo de corpóreo contra o qual se pode investir. Tal fato já representaria também, dentro dos meios católicos, uma imensa reação às más influências revolucionárias.

“Quer dizer, a mera atitude de tomar o vocábulo Revolução e difundi-lo, já representa o primeiro passo da Contra-Revolução. Passo sem o qual esta última não se desenvolve, permanecendo num estágio completamente embrionário.

“Ao contrário do que pretendem alguns pensadores, temos a convicção de que a Revolução não é principalmente um fato político, mas moral — e, portanto, religioso — e que os acontecimentos políticos são uma espécie de corolário, de segunda conseqüência dos acontecimentos morais.

“Donde, ao escrever Revolução e Contra-Revolução, minha intenção era criar uma espécie de instrumento de estudo em que esses princípios recebam uma primeira enunciação, a fim de compreendermos a natureza da tarefa que temos diante de nós, e a necessidade de atuar em face dessa tarefa.

“Daí, também, o se tornar oportuno e apropriado os artigos nos quais tecemos análises dos  ambientes, costumes e civilizações. São considerações analíticas que procuram demonstrar o modo como as formas, cores, sons e objetos materiais podem influenciar e modelar os estados de espírito no homem. E apontar, portanto, como tudo isso pode influenciar a alma humana, sem que esta perceba, conduzindo-a a atitudes temperamentais que, posteriormente, modificarão suas idéias.

“Essa noção das várias frentes e aspectos do processo revolucionário que convergem, num esforço total, para um objetivo único, é o que queremos afirmar e denunciar. É um conceito que se acha presente ao longo de todo o nosso trabalho, de extrema importância para se compreender as situações concretas às quais alude o livro Revolução e Contra-Revolução, e para se saber aplicar à realidade de nossos dias, os princípios nele expostos.

“É necessário, pois — e insisto nesse ponto —, antes de mais nada difundir a idéia da unidade e da totalidade da Revolução. Isto aceito, compreende-se mais facilmente como o inimigo da Igreja é essa união de erros que contra ela se levantam. Inimigo definido, que aparece delineado claramente aos olhos do católico de hoje, como aos olhos dos católicos de outrora apareceram seus antigos opositores. Esse adversário, uma vez denunciado, torna-se perceptível, palpável, sentido e, por isso, vulnerável” (Conferências em 6/6 e 17/8/1962).

Profundamente convicto desses princípios por ele afirmados, Dr. Plinio empreendeu toda a sua gesta contra-revolucionária em prol da Civilização Cristã e na defesa da Santa Igreja Católica.

Certos estamos de que, ainda hoje, se vivo estivesse e lhe solicitassem nova conclusão para uma reedição de sua obra mestra, reiteraria ele o que já escrevera outrora:

“Na realidade, por tudo quanto aqui se disse, para uma mentalidade posta na lógica dos princípios contra-revolucionários, o quadro de nossos dias é muito claro. Estamos nos lances supremos de uma luta, que chama­ríamos de morte se um dos contendores não fosse imortal, entre a Igreja e a Revolução. (…)

Em meio a esse caos [contemporâneo], só algo não variará. É, em meu coração e em meus lábios, como no de todos os que vêem e pensam comigo, a oração que antes formulamos: Levanto meus olhos para ti, que habitas nos céus. Vede que, assim como os olhos dos servos estão fixos nas mãos dos seus senhores, como os olhos da escrava nas mãos de sua senhora, assim nossos olhos estão fixos na Senhora, Mãe nossa, até que Ela tenha misericórdia de nós (adaptação do Salmo 122).

“É a afirmação da invariável confiança da alma católica, genuflexa, mas firme, em meio à convulsão geral. Firme com toda a firmeza dos que, em meio da borrasca, e com uma força de alma maior do que esta, continuarem a afirmar do mais fundo do coração: Credo in Unam, Sanctam, Catholicam et Apostolicam Ecclesiam, ou seja, creio na Igreja Católica Apostólica Romana, contra a qual, segundo a promessa feita a Pedro, as portas do inferno não prevalecerão”

(Revolução e Contra-Revolução, 5ª edição, pp. 197, 208-209).