Santo Agostinho entrega a Regra a seus discípulos - Casa de Espiritualidade Betânia, Sevilha (Espanha)

Quem possui autoridade deve exercê-la com bondade e força. A propósito de uma fotografia da Catedral de Viena e do filme da coroação da Rainha da Inglaterra, Dr. Plinio tece considerações sobre o mando.

O mando, entendido em seu sentido estrito, é o poder daquela pessoa investida de autoridade religiosa ou civil, militar, ou meramente administrativa, que lhe dá o direito de dizer a um subalterno: “Pense deste modo porque é assim que se deve pensar!”; ou “Faça desse modo porque é assim que se deve fazer!”; “Não pense daquele outro modo porque é errado!”, “Não faça de outro modo porque é errado!”

Há, portanto, uma escala de poderes – poder de ordenar o pensamento, ordenar a ação – que faz com que o indivíduo sobre o qual se exerce o mando altere o curso do que ele pensa ou faz, conforme o que disponha a autoridade.

Bom pai mandando no bom filho é o auge da disciplina. E aquele que exerce a autoridade deve fazer o possível para estabelecer esse teor de relações com o súdito.

Mathiasrex
Batalha de Fontenoy – por Pierre Lenfant, Palácio de Versailles (França)

Obstáculos da natureza humana para obedecer

Mas acontece que na natureza humana há muitos obstáculos para obedecer. O primeiro deles está no próprio homem. Este frequentemente não quer obedecer porque tem a tendência nativa, desfigurada pelo pecado original, de fazer aquilo que ele entende que deve realizar e não o que o outro está mandando. E por causa disso, quando ele recebe uma ordem que não compreende, ou se a compreende, não está de acordo; quando a ordem for penosa e o obrigar a um sacrifício que ele julga que não seria necessário; quando acha que a autoridade tem razão, mas ele detesta fazer aquele sacrifício em concreto e, portanto, se recusa a obedecer; por todas essas razões conjuntas, o espírito humano tende a levantar-se contra a autoridade e dizer: “O senhor está mandando. Eu vou lhe mostrar com quantos paus se faz uma canoa; não obedecerei.” E é tomado por uma indignação, que nasce nele pelo fato de ter sido mandado e pelas outras circunstâncias que indiquei.

Então se configura uma situação doentia, enfermiça, má, perigosa, uma crise nas relações entre quem manda e quem obedece. É preciso que quem manda compreenda que a situação de crise pode ter resultados imprevistos. Se ele está mandando “à chibata”, pode ser que tenha a melhor, mas pode ser que não. Não digo chibata no sentido físico – porque isso não entra em cogitação – mas se ele empregar a autoridade no estilo duro e aos berros: “Eu estou obrigando! E abaixe a cabeça!”, é possível que o problema que ele deveria resolver se agrave, e que o súdito, machucado pelo remédio aplicado, seja levado a uma explosão, uma fuga, uma ruptura e até a uma agressão.

Então isso não é a vitória, mas o fracasso da autoridade.

Em geral, uma ordem é dada para benefício do subalterno

Isso se compreende tanto melhor quanto, em geral, a ordem é dada para benefício daquele que está obedecendo, mesmo que lhe seja um sacrifício.

Por exemplo, a autoridade manda um soldado para a guerra. Na aparência não é para benefício dele, pois vai sair da guerra estropiado, mutilado ou morrer. Mas, pela ordem natural das coisas, quando um país é agredido, todos os membros válidos dessa nação devem atender ao apelo da autoridade: pegar em armas e lutar. Porque do contrário o país desaparece. É como está muito bem expresso no Livro dos Macabeus: Mais vale ao homem morrer do que viver numa terra devastada em sem honra1, ou seja, numa terra na qual os que a povoam não têm o senso da honra, o senso da resistência até o sangue para manter de pé a bandeira nacional, e, sobretudo, o estandarte sacrossanto da Santa Igreja Católica, Apostólica e Romana, pátria das almas de todos os viventes. E por causa disso, aquele que recebe a ordem “Vá combater!” é beneficiado.

Mas ele não entende isto assim — é difícil imaginar que todos os homens com facilidade o compreendam, máxime na hora do perigo — e pode se revoltar.

Se o indivíduo se revoltar, a autoridade — que está mandando para o bem comum e para o bem do indivíduo — obtém como resultado que o mal se instale na alma dele em vez do bem. E a sua deserção é um mal para o país. Todo soldado que deserta subtrai ao país uma força que pertence ao país. Resultado: é o fracasso da autoridade.

A relação pai e filho no mandar e obedecer

De maneira que, diante do fato da recusa ou da acolhida mal-humorada daquele que obedece de má vontade, relaxadamente, minimalistamente, fazendo o menos possível, a autoridade tem um problema moral e psicológico, que ela deve resolver.

Qual é o problema?

Como agir sobre a alma daquele súdito de modo que mude de ânimo, queira fazer aquilo que deve, e não se rebele contra a vontade da autoridade? Mas, pelo contrário, haja um consenso entre ele e a autoridade, e assim as relações entre quem manda e quem obedece atinjam o auge de sua normalidade, que é a relação pai e filho.

Bom pai mandando no bom filho é o auge da disciplina. E aquele que exerce a autoridade deve fazer o possível para estabelecer esse teor de relações com o súdito.

Como fazer para conseguir isso?

Em primeiro lugar, a autoridade precisa fazer-se compreender de todos os modos — digo de todos os modos de propósito —, de maneira que aquele que deve obedecer fique numa disposição tal que não se levantem nele os vagalhões da inconformidade. Pelo contrário, tenha alegria, boa disposição de alma em fazer o que deve.

A colaboração da bondade com a força

Eu estava vendo outro dia um cartão postal da Catedral de Viena, fotografada durante a noite pelo lado que eu nunca vira. Sempre havia visto a Catedral fotografada do outro lado. Do meu agrado pessoal, ela é muito mais bonita desse lado que mostrava o cartão. Nota-se a Catedral fortemente iluminada, composta de dois corpos de edifícios inteiramente distintos: uma torre enorme, mas muito delicada, esguia e forte ao mesmo tempo. A força, o esguio e o delicado se compunham admiravelmente e se elevavam audaciosamente até uma altura de causar surpresa.

E ao lado um edifício bem mais baixo, como que apoiado na torre arrojada da Catedral. Era como uma casa de família encostada numa fortaleza. Casa de família, íntima, agradável, acolhedora, afável, distinta, digna, muito bela, mas o que possuía de melhor era o arrojado da torre na qual ela se amparava.

Seria um pouquinho como esposa e esposo. O esposo é a torre: forte, enérgico, batalhador; a esposa: delicada, mãe de família amorosa. E ambos desse modo vistos pelo filho.

De maneira que a colaboração da bondade com a força, para dar a figura do estado temperamental de quem exerce a autoridade, se deixava ver por este símbolo da autoridade da Igreja, que é a autoridade das autoridades. Sem a Igreja, não há nenhuma autoridade que tenha o fundamento necessário e prevaleça durante o tempo necessário.

Então, é a autoridade da Igreja apoiada na autoridade do Estado, ou a da mãe apoiada na do pai, ou a da imperatriz apoiada na do imperador.

A autoridade de quem representa o direito, a bondade, a delicadeza seria frágil demais para subsistir se não fosse a força. Mas a força seria brutal demais se não fosse toda essa doçura. A conjugação da doçura e da força faz com que o súdito, em suas boas horas, se embeba da doçura e, nas suas horas difíceis, seus “calombos” de alma sejam raspados à plaina pela ação da força. E assim se estabelece o equilíbrio das relações humanas.

A beleza da luta ao lado da beleza da concórdia

Lembro-me do filme do enterro do Imperador Francisco José, que morreu no segundo ano da Primeira Guerra Mundial. Naquele tempo, a aviação militar ou não existia ou estava no nascedouro, e não constituía um perigo notável para as grandes cidades.

Então o enterro se fez com toda a pompa do regime de paz, embora estivessem em guerra. Um longo cortejo acompanhava, para sua última morada na histórica cripta dos capuchinhos de Viena, o corpo do Imperador Francisco José. No cortejo estavam — tudo bem equilibrado — o novo Imperador Carlos com a Imperatriz Zita, os membros da família imperial, depois os membros da nobreza, da justiça, da universidade, dos grandes corpos de Estado e de um lado e de outro toda a tropa, impecavelmente trajada com os lindos uniformes do Império Austro-Húngaro, formando uma alameda.

Uma torre enorme, mas muito delicada, esguia e forte ao mesmo tempo. A força, o esguio e o delicado se compunham admiravelmente e se elevavam audaciosamente até uma altura de causar surpresa.

Lukelace
Catedral de Santo Estêvão, Viena (Áustria)

E eu sabia, por uma pessoa que estava sentada ao meu lado — não havia cinema sonoro naquele tempo —, que, enquanto o cortejo percorria o itinerário na cidade de Viena, de vez em quando os canhões troavam. Quando os canhões paravam, os sinos tocavam; depois os canhões retomavam sua voz.

Aquela fragilidade elegante, fina, aristocrática, da corte que desfilava no meio do exército e dos demais corpos militares apresentando armas e simbolizando a força do Império, ao lado da beleza, da delicadeza, do charme do Império, formava um conjunto que a voz dos sinos e o troar dos canhões completava. Porque o sino é a delicadeza, a música; o canhão é a tragédia, a força, mas também é a vitória. É a guerra, a beleza da luta ao lado da beleza da concórdia, da paz, do bom entendimento.

Cerimônia da coroação da Rainha da Inglaterra

Este modo de entender fez com que, no tempo em que existia na Europa a plenitude das monarquias católicas, houvesse em todas as cerimônias do trono esse misto de majestade e de força.

Outro exemplo, a coroação da Rainha da Inglaterra.

No corpo da igreja, o clero anglicano com paramentos vagamente parecidos com os da Igreja Católica, e, portanto, vagamente bonitos. Tribunas especiais para os nobres, todos eles com suas coroas correspondendo aos respectivos títulos de nobreza. Bem em frente ao altar, o trono aonde iam se sentar a nova Rainha e seu esposo; à direita e à esquerda, os assentos para os membros da casa real inglesa. E em frente do altar os membros das casas reais de outros países da Europa, que tinham afluído para assistir à cerimônia.

A cerimônia era lindíssima. E o número de pessoas do povo que assistiam a essa cerimônia dentro da Basílica, que é ampla, era enorme. Pode-se fazer uma ideia do aspecto daquilo tudo no interior da Basílica.

Realizava-se o longo cortejo acompanhando a Rainha, do Palácio de Buckingham até a Basílica de Westminster. As principais pessoas da cerimônia desfilavam em carros tradicionais, dourados, com pinturas, janelas de cristal, plumas, com lacaios usando chapéus de três bicos e durante todo o tempo se viam no desfile príncipes europeus, com os seus uniformes muito bonitos e todas as suas condecorações. Notava-se também, de outro lado, marajás, sultões, toda espécie de potentados do mundo ainda misterioso do Oriente, colocados alguns em carruagens próprias que eles tinham trazido.

As palmas batidas no início de um reinado vão até os dobres de finados do fim do reinado. E no início do novo reinado, todos se preparam para novas palmas, e novos dobres de finados, quando ele terminar

BiblioArchives/LibraryArchives
Cerimônia de Coroação da Rainha da Inglaterra, Elizabeth II, em 2 de junho de 1953

Recordo-me da Rainha de Tonga, da Oceania, gorda a mais não poder, enorme, um pouco escura, muito bem humorada, que sabia ser Rainha, e o povo gostava de olhar para ela e lhe fazia sinais. Ela olhava e respondia com um pequeno sinal, e batiam palmas freneticamente para ela.

Depois passavam os homens eminentes, Churchill, Eden, que tinham salvado a Inglaterra durante a Segunda Guerra. Era um entusiasmo enorme.

Alguém dirá: “Para que isto?”

Para ungir — no sentido próprio da palavra, quer dizer, recobrir do azeite da compreensão, da admiração, do respectivo amor — as relações entre o rei e a rainha de um lado, e o povo do outro. A fim de que o povo compreendesse o que era um rei, uma rainha, o que é mandar e obedecer. Mas também houvesse tal compreensão por parte do rei e da rainha, vendo aquela multidão de entusiasmo que subia para eles de todos os lados, dos altos prédios de Londres, cheios de pessoas nas janelas ornamentadas, que os saudavam quando eles passavam. O povinho nas ruas, até de bairros pobres, colocados por todos os lados, encarapitados nos postes, nos tetos das casas, e aplaudindo, aplaudindo, aplaudindo. E os monarcas acenando.

Amor e admiração

O que queria dizer esse dueto?

Significava: “Nós nos queremos, estamos compreendendo o que cada um é para o outro. O principal fundamento das nossas boas relações é o recíproco amor, e a razão pela qual nós nos amamos é que nos entendemos, nos queremos e nos admiramos.”

Onde o amor admira, a admiração ama, a boa inteligência se estabelece; e onde se estabelece esta mútua visualização, este mútuo entendimento, as instituições ficam sólidas. Porque o principal fundamento daquilo tudo é o amor e, secundariamente, o temor. Eles se amam porque se compreendem; e se compreendem porque souberam mostrar-se um ao outro no seu melhor aspecto. E aquilo dura um reinado inteiro.

Digamos que as palmas batidas no início de um reinado vão até os dobres de finados do fim do reinado. E no início do novo reinado, todos se preparam para novas palmas, e novos dobres de finados, quando ele terminar. É uma fonte contínua de amor, de admiração, de esperança, quando um reinado nasce; de tristeza quando ele morre; de afeto em todas as ocasiões. É uma nação forte, como uma torre levantada no meio de uma planície; nada pode atentar contra ela.

Porém, isto não deve ser só nos grandes dias, mas também na vida quotidiana. Um rei, uma rainha que só tenha o tom do rei e da rainha no dia da coroação, mas que são meio amolecados na vida quotidiana, estão se suicidando, e destruindo diariamente aquilo que eles construíram no primeiro dia de seu reinado.

Um reinado é uma coroação contínua, uma reafirmação contínua da coroa, por parte do rei, da rainha e dos membros da família real onde quer que estejam. É o mesmo borbulhar de mútua compreensão, admiração, de mútuo amor, de onde fica muito fácil a autoridade mandar, e sabe-se que por detrás há um aviso: “Ai de quem não obedeça!”

Mas fica-se sabendo também que esse “ai de quem não obedeça!” não é mau humor, megalice2, ódio, nem dureza de coração; é afeto. De acordo com as palavras da Sagrada Escritura: “Quem poupa a vara, odeia seu filho; quem o ama, corrige-o prontamente.”3 Logo, o pai que, na hora oportuna, sabe dar umas varadas no seu filho, ama seu filho. A vara na mão de um bom pai pode ser um símbolo de amor.

O sacrifício da seriedade permanente

Os antigos exprimiam essas verdades — que estou procurando resumir com a cena grandiosa da coroação — de mil maneiras diferentes na vida quotidiana.

Por exemplo, no modo pelo qual em incontáveis lares de toda a Cristandade, ainda em meados do século XIX, os pais sempre abençoavam a comida quando ela chegava à mesa, tanto em casas pobres como em palácios. E, quando era uma família mais modesta, vinha um pão enorme que o pai cortava e distribuía um pedaço grande para cada filho; então todos se sentavam e começava a refeição.

Esta é a família patriarcal, verdadeira base da sociedade. Na família patriarcal vemos bem o que é o mando, o filho podia ser maior de idade, mas quando o pai lhe dava uma ordem, ele obedecia contente.

Francisco Lecaros
Bênção da Mesa – por Antonio Lecuona, Museu de Belas Artes, Vitória (Espanha)

Numa certa região da Espanha havia uma oração muito bonita, mais ou menos assim: “Que el Niño Jesus, que nació en Belén, bendiga el Rey, la Pátria y a nosotros también.” E todos respondiam: “Amém.” O pai dizia “Sentaos” e sentava-se antes; depois todos se sentavam. Ao lado dele, numa cadeira menos imponente, mas num lugar mais acessível, a esposa. Eles presidiam a refeição como presidiam a vida da família, bem como essa circulação mútua de amor e de admiração, que forma a essência da boa ordenação das coisas.

Isto supõe da parte de todos um sacrifício. É o sacrifício da seriedade permanente. Nunca uma brincadeira à toa, vulgar; sobretudo uma brincadeirota suja ou imoral, au grand jamais, nunca dos nuncas.

Pelo contrário, havia uma conversa afável, agradável, em que cada um contava as novidades que conhecia, e todos se interessavam pela vida uns dos outros; era um convívio despreocupado que, nos dias de feriado, continuava depois da refeição, durante o tempo que quisessem. Depois a família se dispersava. Cada um ia para seu canto, mas com o coração cheio de amor.

Esta é a família patriarcal, verdadeira base da sociedade. Na família patriarcal vemos bem o que é o mando, pois o filho podia ser maior de idade, mas quando o pai lhe dava uma ordem, ele obedecia contente porque se tratava da vontade de seu pai.

A autoridade nunca deve procurar vantagem pessoal

Nessa atmosfera de afeto, de mando, se exerce a influência, que é a atitude de alma pela qual alguém transmite não apenas uma convicção, mas um sentimento, um amor; ou comunica um ódio ao mal, e às vezes é indispensável saber comunicar o ódio ao mal. Enquanto não houver essa conjugação harmônica de ódio e de amor, ninguém terá aprendido a mandar.

Esse ideal é tão grande, tão verdadeiro, que nós faremos tudo por ele. Faremos tudo uns pelos outros, e na hora de uns mandarem e outros obedecerem, um particular amor, uma particular solidariedade nos reúne.

M. Shinoda
Dr. Plinio na década de 1990

Isto também se aplica na vida quotidiana de cada um de nosso Movimento, com os dirigentes imediatos dos serviços, das secções ou dos êremos4 em que estão. E cada um com outro, irmão com irmão, igual com igual, vivendo do mesmo modo, com o mesmo princípio da harmonia proporcional, do ódio e do amor a coisas muito maiores do que nós, que nos excedem completamente. Nós não estamos juntos apenas, nem principalmente, porque nos queremos, mas essencialmente porque queremos Aquele para O qual nascemos, queremos a Deus, a Nossa Senhora, a Santa Igreja, queremos o Reino de Maria. E nós nos queremos porque queremos juntos o mesmo ideal.

Esse ideal é tão grande, tão verdadeiro, tão perfeito, que nós faremos tudo por ele. Consequência: faremos tudo uns pelos outros, e na hora de uns mandarem e outros obedecerem, um particular amor, uma particular solidariedade nos reúne.

O subalterno deve ter o pensamento seguinte: “Ele está mandando em mim para a glória de Nossa Senhora. Vou obedecer!” E o superior: “Estou exercendo a autoridade para a glória de Nossa Senhora. Com que cuidado, respeito, afeto, vou dirigir esta alma, que foi posta em minhas mãos para que eu mande nela. Como saberei escolher a hora e a palavra oportunas, no momento em que eu veja que este meu filho está em crise! E escolher até a inflexão de voz e o olhar oportunos, para ajudá-lo de dentro dos escombros de si mesmo a se reerguer e a se refazer! É preciso que ele sinta que estou com mais pena dele do que ele tem pena de si próprio, que isto não dá em moleza, mas em estímulo. Entretanto, quero que ele cumpra o seu dever!”

Quando isso se dá e ele percebe que a autoridade não procura nenhuma vantagem pessoal, mas apenas a vitória da Causa da Contra-Revolução, aí ele terá aprendido a mandar.

(Extraído de conferências de 28/7/1993 e 30/07/1993)

1) Cfr. 1Mc 3, 59.

2) A partir do termo “megalomania” Dr. Plinio criou a palavra “megalice”, a fim de designar o vício de quem atribui a si mesmo qualidades que não possui ou então as exagera.

3) Pr 13, 24.

4) A expressão êremo designava as casas onde se vivia em regime de recolhimento, dividindo o tempo entre o estudo, a oração e as atividades de apostolado. A origem desse nome liga-se a um fato ocorrido durante a estadia de Dr. Plinio em Roma, no ano de 1962. Seus companheiros de viagem, ao visitarem Assis, tinham estado também no Eremo delle Carceri, onde São Francisco e seus primeiros discípulos passavam períodos de retiro. Ao regressarem, Dr. Plinio notou neles uma ação benéfica da graça, fruto do curto período de recolhimento que haviam passado no Eremo delle Carceri. E pensou prolongar esses efeitos benfazejos, promovendo no interior de seu movimento, algo à maneira do eremo. Posteriormente, ao surgir em alguns a aspiração a uma vida de recolhimento, foi dada, por analogia, à instituição criada o nome de êremo.