Um dos princípios de sabedoria mais admirados e aplicados por Dr. Plinio era o da unidade na variedade. Se analisarmos, ainda que de modo superficial, a matéria que nossa revista tem publicado ao longo dos anos, verificaremos como tal princípio se faz sempre presente, como um facho a iluminar, explícita ou implicitamente, suas reflexões. Trata-se, de fato, de um aspecto do unum, que na ordem dos transcendentais precede o verum, o bonum e o pulchrum e com eles está intimamente ligado.

“Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom” (Gn 1, 31), diz a Escritura ao terminar a narração da criação do mundo. Altamente contemplativo, Dr. Plinio se deleitava em imaginar, pela perspectiva da unidade na variedade, o olhar de Deus pousando sobre sua obra e confirmando que cada criatura era boa, mas o conjunto delas, ainda melhor. Ou seja, o universo organizado segundo uma ordem sapiencial divina, em que cada ente tem seu papel insuperável e próprio, segundo sua natureza, e na qual está destinado a ocupar um lugar num conjunto. A soma de todos os conjuntos constitui a grandiosa ordem do universo.

No centro desse magnífico arranjo encontra-se o homem, a quem é dado glorificar a Deus por toda essa grandeza. Como vemos destacado na seção “Dr. Plinio Comenta” da presente edição, “dir-se-ia que Deus quis ordenar as coisas de tal maneira que o homem, no último ponto de seu olhar, sempre divisa o grandioso”. Conforme caminha na contemplação do universo “de surpresa em surpresa”, a alma reta reage com “o silêncio, o murmúrio e depois a exclamação”.

Já temos comentado noutras ocasiões como Dr. Plinio era dotado de um carisma de discernimento tão rico e vasto que lhe era fácil perceber num só olhar a personalidade de um indivíduo, mas não só; também as particularidades de um grupo de indivíduos e até de nações inteiras. Conforme o princípio da unidade na variedade, ele via cada povo como uma pedra preciosa incrustada numa magnífica coroa, a ordem do universo. Eis o alicerce de suas análises sobre a História, as vocações, as luzes primordiais, as incorrespondências etc., das nações.

Assim, na seção “Perspectiva Pliniana da História” deste número, vemos Dr. Plinio afirmar que “nada melhor para conhecer uma nação do que conhecer a psicologia dos indivíduos”, e vice-versa. Na análise dos povos e de sua história, “os pormenores interessam muito; cada um deles acaba constituindo como que uma história especial”. E esclarece: “Vê-se como a partir de um pequeno ponto as correlações se multiplicam e se avolumam”.

É desse ponto de vista que ele, ao tratar de diversas nações, faz conjecturas sobre seu papel no futuro, especialmente tendo em vista o reinado de Maria, previsto por São Luís Maria Grignion de Montfort e prometido Nossa Senhora em Fátima.