Menino Jesus - Sede Lumen Coeli - Arautos do Evangelho.

Celebramos no Santo Natal este fato sublime: o Verbo Se fez carne nas entranhas puríssimas da Virgem Maria e habitou entre nós.

Deus criou todos os seres em uma hierarquia perfeita: anjos, homens, animais, plantas, minerais. E decidiu, desde toda a eternidade, unir-Se a uma de suas criaturas – numa união que a Teologia denomina de hipostática –, de maneira a elevar essa natureza até a sua própria divindade.

Assim, em Nosso Senhor Jesus Cristo a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade uniu-Se à humanidade, constituindo uma só Pessoa Divina com duas naturezas, a divina e a humana.

Na variedade imensa de seres criados, Deus não escolheu para tal união a criatura mais elevada, mas sim aquela que de certo modo participava de todas as naturezas a fim de, por essa forma, honrar toda a Criação.

Com efeito, na hierarquia do universo estão em primeiro lugar os anjos, puros espíritos; em seguida vem a natureza humana, composta de espírito e matéria; depois começa o reino da matéria, com graus de vida diversos, terminando na matéria inerte, tão magnífica e hierarquizada ela mesma se consideramos a imensa gama de seres existente desde os pedregulhos que se chutam inadvertidamente na rua até as gemas mais preciosas ou os astros mais luminosos.

Com a Encarnação, os Anjos bons se regozijaram por ver sua natureza espiritual honrada. E, sem dúvida, se os animais, as plantas e as pedras pensassem, no Natal eles cantariam de alegria, pois pode-se admitir que na Noite Santa todos cresceram enormemente em reluzimento porque “o Verbo Se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1, 14).

Contudo, Deus honrou especialmente o gênero humano, não só por ter escolhido um Homem para estabelecer a união hipostática, mas por elevar uma mera criatura humana à dignidade de Mãe da qual Ele haveria de nascer. Nossa Senhora aparece, assim, como o fulcro da honra da humanidade.

Todo o plano da Criação tem, portanto, um sentido específico em função da humanidade, pelo qual a luta para salvação dos homens, a fim de que deem glória a Deus, correspondam aos seus desígnios e se faça a vontade d’Ele na Terra como no Céu, toma uma importância que envolve a Criação inteira.

O centro dessa guerra é a Santa Igreja Católica Apostólica Romana e o requinte das forças, tanto do bem quanto do mal, combate nesse campo de batalha, entre todos sagrado, constituído por nós, seres humanos.

Ao findar mais um ano, o panorama dessa luta se apresenta assim: uma enorme confusão espalhada por todos os lados pelos filhos das trevas. Confusão dentro e fora da Igreja, confusão no plano eclesiástico, civil, político, social, econômico; tudo não é senão incerteza e caos.

Vendo tanta confusão entre batalhadores de um e outro lado, dir-se-ia que os verdadeiros mentores da luta, isto é, os Anjos e os demônios, soltaram as rédeas dos acontecimentos e que os homens, entregues às suas limitações, não fazem senão asneiras. Ora, os espíritos angélicos nunca entregam as rédeas da batalha. Logo, são os demônios que provocam a confusão e os Anjos a combatem.

Por outro lado, embora esta seja uma guerra a propósito da salvação do gênero humano e, portanto, travada principalmente por homens, a desproporção existente entre os filhos da luz e os filhos das trevas fala em favor da angelização da luta. Assim, caminhamos para um entrechoque no qual a transparência das ações angélica e diabólica ficará cada vez mais clara.

O futuro está nas mãos de Deus e nas preces de Maria, uma vez que tudo quanto Ela pede, obtém. Roguemos, pois, Àquela a Quem a Igreja invoca como “Causa de nossa alegria” e “Rainha dos Anjos”, para que derrame sobre o mundo uma chuva de graças que lave a face da Terra, dissipe as trevas e faça brilhar, em céu azul, o Sol de Justiça para a humanidade renovada.*

* Cf. Conferência de 5/12/1981.