Sábado, 15 de abril de 1950: Dr. Plinio viaja à Europa. Havia já quatro décadas que ele lá estivera pela primeira vez (fora em 1912, quando era criança). Ia agora voltar ao Velho Continente para tratar de assuntos de interesse de seu apostolado.
Devido a certas circunstâncias, foi necessário partir às vésperas de uma data para ele sempre muito especial: o aniversário de Dª Lucilia, que ocorreria no dia 22 daquele mês.
A fim de poupar preocupações à sua velha mãe e de amenizar a tristeza de uma longa separação, Dr. Plinio havia combinado com seus familiares que, a ela, primeiramente só dissessem que ele ia ao Rio de Janeiro, conforme fazia com relativa assiduidade. De fato, estaria ali de passagem, antes de tomar o avião para a Europa. Ao desembarcar na Espanha, ele enviaria um telegrama, confirmando ter chegado bem e pedindo que se revelasse seu destino a Dª Lucilia. Ao mesmo tempo, seria entregue a ela, acompanhada de uma cesta de flores, um carta que Dr. Plinio já deixara redigida.
Porém, não era fácil iludir o coração de Dª Lucilia. Uma secreta desconfiança lhe dizia ser outro o destino de seu filho. Assim, ao se refazer do abalo que lhe causara a notícia, escreveu a Dr. Plinio:
Filho querido de meu coração!
Acabo de receber tua carta e telegrama. Louvado seja Deus, chegaste são e salvo. Não era em vão que eu dizia a teu pai, “meu coração procura o de Plinio e não o acha no Rio, e sim pelos ares”! Enfim, alegro-me de tudo o que Deus e a Virgem Santíssima fazem por ti, que és o melhor dos filhos, e que abençôo de todo o meu coração, de todas as forças de minha alma.
Muitos abraços, beijos e saudades, de tua velha “manguinha”.
“Manguinha” era o termo com o qual, em menino, Dr. Plinio chamava sua mãe (por “mãezinha”). A estada dele na Europa se prolongaria até o dia 29 de junho, com uma maratona de visitas e contatos em Portugal, Espanha, França, Alemanha e Itália, até o ápice que foi uma audiência com o Papa Pio XII.
