Instrumento de suplício utilizado em toda a Antiguidade, a cruz representava uma ignomínia para quem a ela fosse condenado.
Ao ser cravado na Cruz, Nosso Senhor Jesus Cristo sofreu uma humilhação equivalente a igualá-Lo aos dois facínoras entre os quais foi crucificado.
Neste sentido, a Cruz não foi apenas uma humilhação, mas o auge de todas as humilhações padecidas por Ele durante a sua existência terrena.
Em toda a Paixão nota-se o desejo de humilhar o Divino Redentor. A coroa de espinhos, o manto, uma cana posta na mão à guisa de cetro, as bofetadas e cusparadas que recebia exprimem o desejo de O atormentar na sua Alma santíssima, e não apenas no seu Corpo sacratíssimo.
Assim, a Cruz representa todas as humilhações sofridas por Ele durante a vida, como também aquelas que, até o fim do mundo, todos os católicos haveriam de sofrer por causa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Contudo, paralelamente, a honra do Homem-Deus é reivindicada pela Igreja. Eis a razão pela qual os católicos tomaram a Cruz como sinal de honra, como sendo o símbolo de tudo quanto há de mais sagrado, de mais santo.
Donde vemos, por exemplo, três manifestações características dos tempos de Fé: a Cruz alçada no alto das coroas; a Cruz como sinal heráldico dos mais nobres galardões das famílias da alta aristocracia; a Cruz colocada como insígnia nas condecorações.
Tudo isso demonstra como o senso católico, em face da humilhação que a impiedade procura infligir à Santa Igreja, revida com ufania cavalheiresca e sobrenatural, promovendo a exaltação da Santa Cruz.
Antes de tudo, essa exaltação consiste em tomar a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo e glorificá-la, transformando-a no sinal de nossa honra, a qual não consiste em não sermos humilhados, mas em receber as humilhações com galhardia. Mais ainda: num espírito de desafio. Em face daqueles que nos humilham, nós revidamos como cavaleiros e proclamamos com júbilo ainda maior a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A Causa Católica precisa ser defendida com espírito de Cavalaria. Portanto, se alguém injuria a Cruz diante de nós, devemos redarguir com coragem. Não, porém, como quem defende a própria honra, e sim a honra de Nosso Senhor Jesus Cristo e de Nossa Senhora.
Ter, portanto, este espírito de cavaleiro, de guerreiro que está lutando continuamente pela glória da Cruz é a graça que devemos pedir na Festa da Exaltação da Santa Cruz.*
* Cf. Conferência de 14/9/1965.
