Em abril de 1959 Dr. Plinio publica o seu livro “Revolução e Contra-Revolução”, síntese de uma longa análise da História e de uma série de reflexões a respeito dos males que vêm se abatendo sobre o homem ocidental há mais de cinco séculos. Tais pensamentos começaram a se formar em seu espírito já nos primeiros encontros que travou com o mundo, nos recreios do Colégio São Luís, conforme ele mesmo descreveu:

“Fiquei atordoado ao me ver cercado de barulheira, algazarra, de gente pulando, se empurrando, contando certo tipo de piadas e tudo o mais. Alunos davam rasteira em outros, ou faziam pior, como um conhecido meu que, logo de início, atirou-me uma pedra, gritando: ‘Você está arranjado demais!’. Não tomei parte nas diversões do recreio. Em vez disso, comecei a prestar atenção no ambiente, em tudo diferente daquele com o qual eu estava habituado. Eu me senti um corpo estranho, malvisto, mal compreendido.

“Com o correr dos dias, à medida que fui conhecendo melhor o colégio, essa diversidade se tornava mais patente, e me levava a entender também a completa oposição entre os padres e alguns meninos: aqueles ensinavam um modo de proceder e esses colegas faziam o contrário. Embora eu não soubesse ainda explicar, percebi que aquele mundo obedecia a certas regras não escritas, e pensei comigo: ‘Quando eu conhecer essas regras, farei as minhas — estas, sim, escritas — e eles acabarão vendo como dois mais dois dá quatro’. Passei a observar melhor as atitudes e episódios durante os recreios, e comecei a fazer estudos, elucubrações, quieto, silencioso, para não despertar a atenção de ninguém. Com meus 11 ou 12 anos, eu traçava assim as primeiras letras de um livro chamado Revolução e Contra-Revolução…”

Durante 4 décadas Dr. Plinio aprofundaria aquelas observações e reflexões iniciais, até consolidá-las nas idéias-mestras que compõem o seu magistral ensaio, cujo conteúdo, no dizer do célebre canonista espanhol, Pe. Anastasio Gutiérrez, CMF, “deveria ser ensinado nos centros superiores da Igreja, e difundido até fazê-lo penetrar na consciência de todos os que se sintam verdadeiramente católicos”.

Fazendo eco às palavras do ilustre sacerdote cordimariano, podemos afirmar que, escrito em 1959, Revolução e Contra-Revolução conserva toda a sua atualidade, deitando luz para a compreensão da lamentável decadência moral que atinge o mundo contemporâneo. E tanto mais atual quanto se alicerça na perene e inerrante doutrina emanada da Cátedra de Pedro, e numa confiança inabalável no amparo de Maria Santíssima:

“A mediação universal e onipotente da Mãe de Deus é a maior razão de esperança dos contra-revolucionários. E em Fátima Ela já lhes deu a certeza da vitória, quando anunciou que …. ‘por fim seu Imaculado Coração triunfará’. Aceite a Virgem, pois, esta homenagem filial, tributo de amor e expressão de confiança absoluta em seu triunfo.

“Não quereríamos dar por encerrado o presente [livro], sem um preito de filial devotamento e obediên­cia irrestrita ao ‘doce Cristo na Terra’, coluna e fundamento infalível da Verdade, Sua Santidade o Papa João XXIII.

Ubi Ecclesia ibi Christus, ubi Petrus ibi Ecclesia. É, pois, para o Santo Padre que se volta todo o nosso amor, todo o nosso entusiasmo, toda a nossa dedicação. Sobre cada uma das teses que constituem [esta obra], não temos em nosso coração a menor dúvida. Sujeitamo-las todas, porém, irrestritamente ao juízo do Vigário de Jesus Cristo, dispostos a renunciar de pronto a qualquer delas, desde que se distancie, ainda que de leve, do ensinamento da Santa Igreja, nossa Mãe, Arca da Salvação e Porta do Céu.”